sábado, 25 de março de 2017


CINEMA E PRÉ-HISTÓRIA

Marcelo Ferraz




Segundo Ferro (2010), o cinema deveria ser visto como uma contra-análise da sociedade, com a possibilidade de apelar-se para outros saberes para melhor compreendê-la.

Para Miceli (2014), a maioria das pessoas considera como filmes históricos apenas aqueles que tratam dos romanos, dos faraós ou sobre guerras, não considerando a importância dos demais gêneros para a História.

Ricon (2016) sustenta a ideia de que qualquer filme pode ser pesquisado das mais diversas formas, e essa possibilidade é das mais crescentes atualmente em nosso país.

Nas obras cinematográficas analisadas, partindo do pressuposto elencado por Ferro, criamos uma ideia do que poderia ter sido o contexto do Homem pré-histórico, de forma ficcional, respeitando, até o possível o aspecto plausível.

Gosden nos alerta sobre esse cuidado ao se tentar recriar esse cenário.



A dificuldade e a escassez de evidências nos tornam desconfortavelmente cientes de que o esforço imaginativo necessário para compreender o passado pode facilmente nos levar à fantasia, a projetar nossas visões prosaicas do mundo na grande tela da pré-história humana (GOSDEN, 2012, p. 17).



Annaud, com sua Guerra do fogo (1981), permite-nos visualizar toda a mística e magia que circunda a presença do fogo entre os homens da pré-história.

No texto de abertura da película podemos observar:



80.000 anos atrás, a sobrevivência do homem, em uma terra vasta e inóspita dependia da posse do fogo.

Para  aqueles humanos primordiais, o fogo era um objeto de grande mistério, desde que ninguém o tivesse criado. O fogo tinha que ser subtraído da natureza. Tinha que ser mantido vivo – abrigado do vento e da chuva,  a salvo das tribos rivais.

O fogo era um símbolo de poder e um sentido de sobrevivência. A tribo que possuísse o fogo, possuiria a vida[1] (ANNAUD, 1981).



No filme, é possível observar a utilização de peles com o objetivo de proteção contra o frio, construção de tendas rudimentares, fabricação de lanças e utilização do próprio fogo para a alimentação e proteção do seu grupo social.

Tais artifícios, responsáveis pela sobrevivência e multiplicação da raça humana, são chamados de equipamentos por Childe (1981). Esses equipamentos permitiriam ao homem atuar sobre o mundo exterior e reagir em função dele.

Ao contrário de outros animais, que nascem providos de seus equipamentos naturais, o homem precisou criar e adaptar seus próprios equipamentos para sobreviver.

Pinsky (2001) nos diz que o homem é o animal mais inadequado para sobreviver em nosso planeta, entretanto, o mais poderoso. Em A guerra do fogo, o cineasta deixa evidente a utilização de equipamentos por parte do homem.

O filme conta a história de um grupo humano pré-histórico, que atacado por uma tribo rival, perde a posse do fogo, um bem precioso para a sua sobrevivência.

Dessa forma, alguns membros do grupo são obrigados a partirem em busca de outra fonte de fogo para garantirem a sobrevivência da coletividade, o que Lima (1985, p. 22) chamou de “uma fantástica reflexão sobre o poder”.

O filme de Annaud, trata de temas relevantes no cenário humano pré-histórico, como socialização, proteção contra predadores e tribos rivais, além de antropofagia e sexualidade.

Em 2001 – Uma odisséia no espaço (1968), realizado por Stanley Kubrick, alguns desses temas são tratados, dando evidência ao espírito beligerante do homem primordial, que em nome do bem-estar de seu grupo social, lança mão da violência como recurso.

Ambos os filmes são de grande utilidade para o estudo da pré-história, sendo que a obra de Kubrick serve ao propósito somente em sua parte inicial intitulada The dawn of man (O alvorecer do Homem).

A maquiagem, o figurino e o cenário, presentes em A guerra do fogo, levam-nos ao tempo-espaço pré-histórico, onde a música completa magistralmente o plano do diretor de fazer do espectador envolver-se com a jornada que se desenvolve na tela.

Na obra de Annaud,  em sua jornada, os homens pré-históricos escapam de predadores, digladiam-se com uma tribo antropofágica e encontram um grupo humano mais desenvolvido, assim denominado por dominar a arte da criação do fogo.

Esse momento é determinante no filme, pois ao descobrir, surpreso, que alguém consegue fabricar o fogo com suas próprias mãos, o personagem pré-histórico, inicialmente incrédulo vai às lágrimas, não conseguindo conter a emoção.

Pontuando e criando os momentos de emoção, tensão e alegria, a música criada por Phillipe Sarde, em A guerra do fogo, serve para envolver o espectador, além de servir de linguagem em um filme onde não se utilizam de diálogos inteligíveis. Para os diálogos dos personagens foi criada uma linguagem própria, derivada do alemão primitivo e de línguas latinas pelo escritor e linguista Anthony Burguess (LIMA, 1985).

Coincidentemente, o filme de Kubrick também tem poucos diálogos, sendo preenchido por música clássica.

O tema de 2001 – Uma odisséia no espaço, foi composta em 1896 por Richard Strauss, intitulada Also sprach Zarathustra, e é um dos mais icônicos temas musicais utilizados em obras cinematográficas, sendo facilmente reconhecida.

Na obra de Annaud, as relações sociais e sexuais do homem pré-histórico também são discutidas. Inicialmente percebe-se a formação da família endogâmica, como característica do grupo inicialmente tratado.

Friedrich Engels, em sua obra A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884), trata da formação familiar, baseado em estudos antropológicos de Lewis Morgan, em A sociedade antiga (1877), que procurava tecer o desenvolvimento social dos grupamentos humanos, o qual foi classificado em estágios de selvageria, barbárie e civilização.

Segundo Morgan, as famílias surgiram de forma endógena, formando laços entre irmãos, onde havia um antepassado comum a todos, sendo chamada de família consanguínea, até que, com o tempo, essas uniões fossem formadas de forma exógena, ou seja, por elementos de grupos distintos, sendo chamada de família sindiásmica, tal qual se observa em A guerra do fogo.

Nas cenas finais do filme é observado a formação da nova família sindiásmica, com a presença da fêmea, oriunda de grupo social distinto, agora grávida.

Os filmes A guerra do fogo e a primeira parte de 2001 – Uma odisséia no espaço, são profícuos no estudo e no processo ensino-aprendizagem de Pré-História.

Ambas as obras tratam de questões pertinentes ao contexto do homem pré-histórico, e mesmo sendo apenas representações da realidade, permitem-nos criar um cenário plausível sobre o espaço-tempo analisado.

Mesmo sem a classificação de “filme histórico” – ambos classificados como ficção – as obras estudadas, como muitas outras, são reconhecidamente objetos de estudo histórico.

Tal condição, de reconhecer as obras fílmicas como fontes de pesquisa histórica, só foi possível graças ao advento dos Annales, e posteriormente à dedicação do historiador francês Marc Ferro, que encontrou continuidade na História Cultural.

Cabe ao professor e pesquisador de história saber explorar, da melhor maneira possível, este cabedal de informações, em prol do desenvolvimento da História.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



2001 – UMA ODISSÉIA no espaço. Direção: Stanley Kubrick. EUA: Metro-Goldwyn-Mayer, 1968. 1 DVD (148 min).

CHILDE, Vere Gordon. O que aconteceu na história. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. São Paulo: Centauro, 2006.

FERRO, Marc. Cinema e história. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

A GUERRA do fogo. Direção: Jean-Jacques Annaud. França/Canadá: 20th Century Fox, 1981. 1 DVD (100 min).

GOSDEN, Chris. Pré-História. Porto Alegre: L&PM, 2012.

LIMA, César Garcia. A guerra do fogo. Bizz. n. 18, jan. 1987, p. 22.

MICELI, Paulo. Uma pedagogia da História? In: PINSKY, Jaime (org.). O ensino de história e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 2014. p. 37-52.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004.

NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais:a história depois do papel, In: PINSKY, Carla Bessanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo : Contexto, 2008.

PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2001.

RICON, Leandro. Apresentação. In: SOUZA NETO, José Maria; SCHURSTER, Karl; RICON, Leandro. Imagens em movimento. Ensaios sobre cinema e história. Rio de Janeiro: Autografia, 2016.



[1] 80,000 years ago, man’s survival in a vast uncharted land depended on the possession of fire.
For those early humans, fire was an object of great mystery, since no one had mastered its creation. Fire had to be stolen from nature. It had to be kept alive – sheltered from wind and rain, guarded from rival tribes.
Fire was a symbol of power and a means of survival. The tribe who possessed fire, possessed life.

quarta-feira, 15 de março de 2017


A FORMAÇÃO DA FAMÍLIA NA HISTÓRIA






Tratar da formação da família na história, obriga-nos, à princípio, a tentar definir seu conceito. Tal fato nos leva a descobrir uma miríade de significados, tanto no campo social, como antropológico, e até mesmo jurídico.

A família já serviu, inclusive, de assunto do materialismo histórico, quando Friedrich Engels publicou seu trabalho, sob o título de A origem da família, da propriedade privada e do Estado, em 1884.

Engels baseou seu estudo no tratado antropológico de Lewis Morgan, A sociedade antiga (1877), que procurava tecer o desenvolvimento social dos grupamentos humanos, o qual foi classificado em estágios de selvageria, barbárie e civilização.

Segundo Morgan, as famílias surgiram de forma endógena, formando laços entre irmãos, sendo chamada de família consanguínea, posteriormente entre primos, sendo chamada de família punaluana (ou panaluana), até que, por fim, essas uniões fossem formadas de forma exógena, ou seja, por elementos de grupos distintos, sendo chamada de família sindiásmica.

O termo “família”, propriamente dito, só viria surgir na antiga Roma, derivada de famulus, que designava os escravos que trabalhavam de forma legalizada na agricultura familiar (CUNHA, 2010), logo após surgindo a expressão família natural, dentro campo do direito romano.

Com a expansão e hegemonia da Igreja Católica Apostólica Romana, houve a transformação do casamento em única forma de criação da família.

A família seria então criada pelo casamento cristão entre duas pessoas de sexos diferentes, unidas através de ato solene e consumado pela relação carnal entre os nubentes.

Em nosso país, colonizado por Portugal e evangelizado sob os preceitos da Igreja Católica, o casamento era legalizado pela cerimônia religiosa, mantendo-se, segundo a lei, a forma patriarcal, com pleno domínio do homem.

Somente com a promulgação da Constituição Federal de 1988, é reconhecida a família como união estável entre homem e mulher, igualando-os na sociedade conjugal, eliminando-se as diferenças de direito.

Entretanto, o mundo contemporâneo não nos permite manter o conceito de família de forma tão estática, visto que a sociedade já percebe outros modos de constituição familiar, inclusive entre pessoas de mesmo sexo, amparadas pela lei.

Tema de inúmeras pesquisas e trabalhos acadêmicos, a família continua suscitando debates e erigindo conceitos.

Para Fonseca (2005), família significa coisas diferentes e seu significado depende da categoria social, mostrando-nos a diferença de percepção de significado do conceito em diferentes estratos sociais, e a forma de interação e formação de “redes de ajuda”, presentes nas camadas menos favorecidas, que tendem a expandir seus limites de área doméstica, fazendo parte de seu núcleo não só por seus vínculos consanguíneos, mas também de afeto.

Fonseca chama a isso de dinâmicas e relações familiares, onde define o laço familiar como uma relação marcada pela identificação estreita e duradoura entre

determinadas pessoas que reconhecem entre elas certos direitos e obrigações mútuos.

Da mesma forma, Carvalho (2005) trata das relações dos indivíduos dentro de seus grupos e redes sociais, e nos mostra a importância do fator sexual como força motriz para a união matrimonial de atores no mundo animal, levando-nos de volta ao conceito balizado pela Igreja Católica Apostólica Romana, como forma de contração de matrimônio e formação de família.

Além disso, dentro de vários grupos de primatas, segundo a autora, observa-se a formação de redes de ajuda mútua, favorecendo determinados indivíduos, no qual ele coloca como exemplos da função do vínculo interindividual na organização e na dinâmica de grupos sociais.

Tais redes de ajuda mútua, ou simplesmente “redes de ajuda” elencadas por Fonseca (2005), favorecem a extensão do conceito de família além de seus laços consanguíneos, incluindo-se aí ex-sogros, compadres e até amigos, segundo a autora.

Nos últimos anos tem sido propalado a “crise da família”. Goldani (1993) nos relata que, apesar de recentes pesquisas apontarem a família como a instituição de maior confiabilidade, há uma percepção “negativa” sobre a mesma, oriunda de degradação das condições de vida, violência, menores abandonados, crimes passionais, e estimulada pela mídia televisiva que trata de mostrar o amplo leque de estilos alternativos de vida, levando a família para o limiar de mudanças importantes, mas não necessariamente a seu desaparecimento.

Segundo a autora, o conceito histórico de família, defendido pela Igreja e Estado, em sua forma patriarcal, monogâmica e indissolúvel, encontra-se em conflito com o modelo de família classe média urbana, comum em um país de evidente crescimento da população das cidades.

Além disso, fica evidente o descaso do Estado, que em não realizar seu suporte a cidadãos de idade avançada, devido ao alargamento da expectativa de vida que vivemos hoje, deixa nas mãos da família o auxílio a seus membros, em um visível retrocesso dos serviços públicos.





O conceito de família tem sido alterado no decorrer do tempo, bem como sua composição. A forma de união consanguínea, presente nas uniões pretéritas, foi substituída por acordos de interesses, abençoado pela Igreja, e mantendo-se o estilo patriarcal.

Apenas em fins do século passado a mulher teve seu papel equiparado ao do homem, mesmo tendo sido observado um crescente número de famílias lideradas por mulheres (mães e avós) nas últimas décadas.

As mudanças constantes e irrefreáveis que sempre passaram as sociedades, permitem-nos antever as mudanças que serão absorvidas pela família, que já não ostenta a mesma imagem de tempos passados.

A união homoafetiva já é uma realidade em nossa sociedade.

Além disso, o nosso país passou, nas últimas décadas, por uma intensa transformação social, onde a maioria de sua população vive em centros urbanos, ao contrário do que ocorria anteriormente, com a maioria da população habitando áreas rurais.

Resta-nos, como futuros educadores, tentarmos acompanhar o curso da História e entendermos que não há receita para definir os membros de uma rede familiar, facilitando a convivência e o acolhimento, na tentativa de estímulo e reforço das redes de ajuda tratadas.

O próprio conceito de família é largo, amplo e, por vezes, contraditório.

Além disso, extrapolando a esfera profissional, é dever de todos, a cobrança de ações sociais de proteção à família por parte do poder público, em especial das menos assistidas, pois como bem elencado na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a família é elemento fundamental da sociedade.







Referências bibliográficas:

CARVALHO, A. M. A. Em busca da natureza do vínculo: uma reflexão psicoetológica sobre grupos familiares e redes sociais. In: J.C.Petrini e V.R.Cavalcanti (orgs). Família, Sociedade e Subjetividades: uma perspectiva multidisciplinar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. p. 183-194.

CUNHA, Matheus Antonio da. O conceito de família e sua evolução histórica. In: Portal Jurídico Investidura, Florianópolis/SC, 27 Set. 2010.

FONSECA, Claúdia. Concepções de família e práticas de intervenção:uma contribuição antropológica. In: Saúde e Sociedade. v.14, n.2, p.50-59, maio-ago 2005.

GOLDANI, Ana Maria. As famílias no Brasil contemporâneo e o mito da desestruturaçao. 1993.

sábado, 4 de março de 2017



A HISTÓRIA PELO CINEMA

 

Graças ao trabalho de Descartes, ainda no século XVII, com o seu Discurso sobre o Método (1637),  inicia-se a prevalência da razão sobre a crença religiosa. No século XIX, a humanidade, já municiada do método científico, torna-se capaz de conceber um grande salto em vários campos, como por exemplo na matemática, física e, como não poderia deixar de ser, na ciência.

A história, que até aquele momento amalgamava-se com a filosofia, tinha por objetivo tornar-se ciência também, como tantas outras disciplinas eruditas.

A partir daí, tornava-se necessário criar mecanismos científicos para o ato de se escrever a História. A isso chamamos de historiografia, ou seja, a ciência da História, ou o produto do conhecimento histórico obtido racionalmente, obedecendo regras metodológicas e de cognição da história com pretensões de cientificidade (RUSEN, 1995, apud CORDEIRO, 2015).

Nos idos do século XIX, com o surgimento da Escola Positivista, consideravam-se fontes somente os documentos oficiais, limitando-se aos documentos de Estado.

Entretanto, a partir do surgimento dos Analles, começa-se a questionar a limitação das fontes oficiais. O resultado deste questionamento foi o significativo aumento do número de fontes possíveis de investigação por parte do historiador (SOUZA, 2003).

A partir daí, dá-se como fonte de pesquisa, também, as fontes orais, arqueológicas, audiovisuais, periódicos, entre outros que possam servir para contar a História. Mais recentemente, a partir da década de 1970, através de trabalhos de Marc Ferro e da Nova História (SANTIAGO JÚNIOR, 2001), começa-se, inclusive, a considerar as obras cinematográficas, como de importância historiográfica, em um claro sinal da multiplicidade de fontes as quais o historiador pode lançar mão.

À essa altura, convém questionarmos qual utilidade teria ao lançarmos mão das obras cinematográficas como ferramenta auxiliar no processo ensino-aprendizagem de história. Segundo Napolitano (2008, p. 236) “vivemos em um mundo dominado por imagens e sons”, o que por si só já seria suficiente para fazermos incorporar o cinema e outras tecnologias na sala de aula.

O cinema, palavra de origem etmológica grega, KINEMA (imagem em movimento),  “possibilita aqueles que o assistem de terem diante de seus olhos uma representação da realidade social da época em que vivem ou até mesmo de épocas passadas” (LIMA, 2015, p.1), facilitando a assimilação de assunto exposto em sala.

Mesmo o filme, sendo “imagem ou não da realidade, documento ou ficção, intriga autêntica ou pura invenção, é História” (FERRO, 2010, p. 32), acima de tudo.

Entretanto, apesar de termos tal ferramenta disponível, “o uso de recursos cinematográficos ainda carece de melhoramentos por parte dos profissionais que o utilizam” (SOUZA; SOARES, 2003, p. 2). Há muito ainda o que se extrair de benefício da utilização das obras cinematográficas em sala de aula.

De certo, com o auxílio do cinema “é possível aprender História, e esse processo de cognição serve para interpretar a ação humana em tempos e lugares diferentes” (PEREIRA; SILVA, 2014, p. 318).

A utilização do cinema no processo ensino-aprendizagem favorece o estabelecimento de “diálogos com conceitos teóricos que remetem para discussões e as posturas em relação à iconografia e imagens, trazidas pelas novas abordagens historiográficas” (SOUZA; SOARES, 2003, p. 2), além de facilitar a “assimilação de conteúdos por parte dos alunos despertando o interesse pelo tema tratado” (LIMA, 2015, p. 95).

Um filme pode ser um excelente recurso didático. E como qualquer outro recurso didático, ele por si só, “não resolve os problemas no processo ensino-aprendizagem” (LIMA, 2015, p. 95), porém, os filmes “tem sempre alguma possibilidade para o trabalho escolar” (NAPOLITANO, 2004, p. 12).

Cabe ao historiador, desvencilhar-se de preconceitos e entender a obra cinematoráfica também como fonte de pesquisa, dando oportunidade de enriquecimento à Historia.


REFERÊNCIAS

FERRO, Marc. Cinema e história. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
LIMA, D.R.L. Cinema e história: o filme como recurso didático no ensino/aprendizagem da história. Revista Historiador, [S.l.], n. 07. p. 94-108, jan. 2015.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004.
NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais:a história depois do papel, In: PINSKY, Carla Bessanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo : Contexto, 2008.
SANTIAGO JÚNIOR, Francisco das Chagas Fernandes. Cinema e historiografia: trajetória de um objeto historiográfico (1971-2010). História da historiografia, ouro preto, n.8, abr/2012, p. 151-173.

SOUZA, P.J.C; SOARES, V.G. Cinema e ensino de história. XXVII Simpósio Nacional de História. Natal. 22-26 jul. 2003.