sábado, 24 de setembro de 2016

HITLER: UM AMANTE DAS ARTES


Um dos maiores assassinos da história da humanidade, Adolf Hitler, nutria uma incrível admiração pela arte. A pintura, a música e a arquitetura dominavam grande parte do espaço destinado à suas paixões.

Quando jovem, Hitler tentou, por duas vezes (em 1907 e 1908), ingressar na Academia de Belas Artes de Viena, sendo rejeitado em ambas tentativas, por não apresentar talento suficiente para fazer parte daquela respeitada instituição. À época, com 18 anos de idade e órfão, Hitler passou a ganhar a vida com a pintura, vendendo seus quadros a turistas.

Com a explosão da Primeira Guerra Mundial, Hitler abandonou seus pincéis e se juntou ao exército da Alemanha, mas sempre com o desejo de ser um grande pintor e dedicar-se às telas.


Com o fim da Grande Guerra e o início de sua ascensão política, Hitler deu vazão a suas aspirações artísticas, assumindo-se como o grande responsável pela criação da simbologia do Partido Nacional Socialista, sendo de sua autoria, em 1923, a insígnia do partido. Além disso, criou uniformes, bandeiras e estandartes para o partido.

Artistas frustrados eram uma constante no comando do Terceiro Reich. Goebbels, Rosenberg e Schwerin, nutriam aspiração pela literatura, poesia e pinturaDe qualquer forma, com o poder à mão, o comando nazista tentou levar seu conceito de arte ao povo alemão. 

Em 1933 uma série de exposições, intituladas “Arte Degenerada”, chamava a atenção para a ameaça do estilo de arte “bolchevique”. Tal arte deveria ser evitada por se tratar de “depravação espiritual e intelectual”. Além disso, as obras dos artistas modernos mostravam sinais de doença mental de seus criadores. Tudo o que os nazistas queriam erradicar da Alemanha. Para o advento da eugenia foi um passo bem curto.

Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, as invasões do exército alemão eram frequentemente seguidas de pilhagem, em especial de obras de arte, que seriam adicionadas à coleção do Fuhrer. Em Nuremberg, após o término da Segunda Guera Mundial, foi descoberto um bunker subterrâneo repleto de quadros, vestimentas e adornos, escondidos pelo comando nazista. Entre os quais as joias do Sacro Império Romano, fixação que Hitler dividia com Napoleão Bonaparte.

O que nos resta é tentar criar conjecturas a respeito do passado e seu efeito sobre o futuro. Se Adolf Hitler tivesse sido aceito na Academia de Belas Artes de Viena, provavelmente a História teria seguido outro rumo.

Para saber mais:
ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO. Direção: Peter Cohen. Suécia: Cult, 1992. DVD, 121 minutos.

KIRKPATRICK, Sidney. As relíquia sagradas de Hitler. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.

sábado, 17 de setembro de 2016

MESOPOTÂMIA: LAR DO LAISSEZ-FAIRE


A região da mesopotâmia (entre os rios Tigre e Eufrates) é considerada um dos berços da civilização, pois foi nessa região que, segundo pesquisadores, iniciou-se o processo de sedentarização do homem.

Os grupos humanos, que vagavam à procura de alimentos para sua subsistência, encontraram na região “entre rios” (daí o termo Mesopotâmia), uma região propícia para o desenvolvimento da agricultura. Claro que isso não aconteceu com um passe de mágica. Foi necessário uma boa dose de paciência, tempo, erros e acertos para que o homem dominasse as técnicas de controle do fluxo das águas dos rios, que apresentavam períodos de baixa e alta vazão. Além disso, havia a necessidade da utilização correta de sementes, aproveitamento de canais e uma série de problemas que foram sendo contornados graças à persistência e perseverança de nossos antepassados.


Com o domínio das técnicas agrícolas, surgiu o excedente de produção. O homem, já fixado à terra, começava a produzir mais do que o suficiente para sua subsistência e com isso surgiu a necessidade de se buscar um destino para sua produção. Uma parte a ser armazenada para o período de entressafra e o restante a ser comercializado, inicialmente por meio de escambo, com outros grupos humanos. O que não se imaginava é que o homem estava dando inicio, entre outras coisas, ao comércio, palavra derivada do latim “commerciu” que tem significação de permutação, troca, compra e venda.

A pujança comercial que se iniciava traria para o homem da mesopotâmia as condições perfeitas para uma interação cada vez mais próspera entre os variados povos da região, com a utilização de padrões de moeda e criação de especializações.

O homem da Mesopotâmia jamais poderia adivinhar que sua iniciativa de se fixar em determinado lugar traria tantas mudanças dali pra frente, pois assim começaram a surgir aglomerados humanos que posteriormente se transformariam em cidades. Além disso, surgia também a necessidade de criação das profissões.

O comércio em si, foi altamente revolucionário, pois o escambo inicial deu lugar à moeda e levou o homem à contabilidade e às futuras ideias sobre a economia. Se não fosse pela iniciativa corajosa e desbravadora do homem mesopotâmico não teríamos tido a evolução das ideias de Adam Smith, Friedrich Hayek ou John Keynes.

O homem mesopotâmico, preocupado apenas em sobreviver, acabou por transformar o mundo em que vivemos. Com sua despretensiosa atitude, acabou por ditar as regras do que seria o “mundo civilizado” através de sua força econômica, política e religiosa. O controle das forças naturais deram o pontapé inicial para o domínio do planeta e fez com que a humanidade ocupasse lugar de destaque no nosso mundo.

O resto é História.

Para ler mais:

PINSKY, Jaime. As Primeiras CivilizaçõesSão Paulo: Atual: 1994


sábado, 10 de setembro de 2016

1964: ENTRE METRALHADORAS E TANQUES.


Na noite do dia 30 de março de 1964, o então presidente João Goulart era esperado no salão do Automóvel Clube, no Rio de Janeiro, onde entrou sob grande euforia dos que o esperavam ansiosamente, em sua maioria suboficiais das forças armadas.



Mesmo contra a vontade do deputado Tancredo Neves, líder do governo na Câmara, Goulart estava decidido a falar ao público e incendiar o local com seu discurso em prol das reformas sociais e contra o Congresso e os militares de alta patente, em cerimônia transmitida por rádio e televisão.

Seus passos estavam sendo acompanhados pelas forças oposicionistas, bem como pelo governo norte-americano. A Casa Branca estava a par de todos os movimentos do presidente da República e quando encerrou seu discurso, o senador Ernâni do Amaral Peixoto decretou: “O Jango não é mais presidente da República”.

Em Juiz de Fora, o general Mourão Filho estava decidido a levar suas tropas em direção ao Rio de Janeiro para derrubar o governo. Tinha pressa, pois estava a um passo da compulsória. Com poucos meses de serviço na ativa, em breve estaria aposentado.

Aproveitando o gancho, no Rio de Janeiro, o general Arthur da Costa e Silva liderava outro grupo de militares revoltosos. Em um mundo sem WhatsApp, as notícias sobre os grupos militares que se levantavam contra o governo vinham incompletas e incertas.

Do Rio de Janeiro partiu  o Grupo de Obuses, liderado pelo capitão Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi enviado para combater o grupo do general Mourão Filho. Uma péssima escolha das forças legalistas, pois o capitão Ustra era partidário da ideia de depor João Goulart, e ao invés de combater Mourão Filho, aliou-se a ele.

O general Amaury Kruel, comandante do 2º Exército, com sede em São Paulo, em um telefonema, pediu ao presidente Goulart que rompesse com a esquerda, como única saída para o fim da crise que se instalara. Goulart não concordou com os termos e Kruel, sem ver o que fazer, acabou por engrossar as fileiras contrárias ao governo.

Apesar de ter criado um “dispositivo” militar, que garantisse a lealdade das Forças Armadas, o presidente João Goulart, que inicialmente não acreditava nas notícias que chegavam sobre o levante que vinha de Minas Gerais, resolveu partir para Brasília, onde achava que conseguiria erguer um grupo de resistência. Ledo engano. À essa altura, quem se dispunha a defender Goulart no poder não sabia para quê ou em benefício de quem.

De Brasília, Goulart partiu para Porto Alegre. Enquanto isso, em Brasília, em uma sessão conturbada, o Congresso declarava a vacância da presidência da República, sem que o presidente estivesse sequer ausente do país, como determinava a constituição.

Com isso abria-se o caminho para o início do regime militar no Brasil, sem que um único disparo sequer fosse dado, levando o país a um dos mais obscuros capítulos de sua história.

Para ler mais:

GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

VILLA, Marco Antonio. Ditadura à brasileira – 1964-1985: A democracia golpeada à esquerda e à direita. São Paulo: LeYa, 2014.

domingo, 4 de setembro de 2016

CENAS ANTERIORES A 1964: JOÃO GOULART.


Com a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart, que estava em Cingapura, liderando uma missão pela Europa Oriental,  União Soviética e China, tornava-se o novo presidente do Brasil. Entretanto, as forças políticas conservadoras, incluindo-se aí os generais das Forças Armadas, não poderiam permitir que alguém ligado ideologicamente ao socialismo assumisse o comando da nação.


João Goulart havia sido ministro de Getúlio Vargas, acusado de populismo por ter se envolvido na polêmica do aumento de 100% do salário mínimo em 1954 e fora eleito vice-presidente da República pela legenda adversária do presidente eleito, Jânio Quadros.

Pela constituição, o vice deveria assumir, no caso de vacância do cargo, e assim se iniciou uma campanha nacional em defesa da constituição, liderada por Leonel Brizola, cunhado de Goulart. A oposição, aproveitando-se da situação, aprovou uma emenda constitucional, de autoria do deputado Raul Pilla, mudando o regime de governo de presidencialista para parlamentarista, com eleição indireta pelo Congresso Nacional.


João Goulart, que segundo Elio Gaspari, era dono de uma “biografia raquítica e um dos mais despreparados e primitivos governantes da história nacional”, desembarcou em Porto Alegre no dia 1º de setembro, tendo que concordar com as mudanças impostas após a renúncia de Quadros, numa tentativa de se evitar um choque maior com as Forças Armadas.

Os meses que se seguiram foram de grande tensão política, e em 6 de janeiro de 1963 foi realizado plebiscito popular sobre o regime de governo, vencendo o presidencialismo, defendido por Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, por larga diferença.

Em meio a toda essa turbulência política, a inflação avançava e a balança comercial encolhia. João Goulart, definitivamente presidente da República, em meio a problemas sociais e econômicos, já começava a sonhar com a reeleição, diga-se de passagem não permitida pela constituição vigente.

As tensões aumentavam com greves e revoltas dentro da própria Marinha, por exemplo. Goulart havia tentado, em outubro, impor um estado de sítio, como manobra para seu próprio golpe de estado (com intervenção nos governos de São Paulo, Guanabara e Pernambuco), o que foi combatido pela própria base aliada.

Em 13 de março de 1964, os partidos aliados do governo, sindicatos e movimentos sociais conseguiram reunir mais de 300 mil pessoas no comício da Central do Brasil, onde João Goulart defendeu a reforma agrária e atacou os militares. Selava ali o seu destino, pois em resposta, a Igreja Católica e as forças conservadoras organizaram a Marcha com Deus pela Família no dia 19 de março, levando 400 mil pessoas às ruas e fomentando o desejo dos militares de tomarem o poder e ver João Goulart pelas costas.

Hasta la vista, baby.

Para ler mais:
NAPOLITANO, Marcos. O regime militar brasileiro. São Paulo: Atual, 1998

GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

VILLA, Marco Antonio. Ditadura à brasileira – 1964-1985: A democracia golpeada à esquerda e à direita. São Paulo: LeYa, 2014.