CENAS ANTERIORES A 1964: JÂNIO QUADROS.
No
final da década de 1950, o Brasil passava por um período de grande
transformação econômica e social, onde industrialização e urbanização eram as
palavras de ordem, com forte migração oriunda do nordeste para o sudeste do
país, em especial para o estado de São Paulo.
Em
1960, Jânio Quadros foi eleito democraticamente presidente da República. Figura
folclórica, vinha de sucessivas vitórias eleitorais. Fora eleito prefeito da
capital paulista e posteriormente governador de São Paulo. À essa
época, votava-se separadamente para presidente e vice-presidente. Jânio Quadros
fora eleito presidente, mas não fez o seu vice, sendo eleito João Goulart,
político gaúcho com forte ligação com a esquerda socialista da época.
Pouco se viu da gestão presidencial de Jânio Quadros. Eleito em 1960, tomou posse em 31 de janeiro de
1961 e renunciou em 25 de agosto do mesmo ano. Foram menos de sete meses de
mandato.
Marco
Villa defende a hipótese de que Jânio Quadros desejava intimamente repetir o feito de
Charles de Gaulle, que derrubou a IV República na França, assumiu o governo e aprovou
uma nova constituição francesa. Para Jânio Quadros foi um tiro no pé. O
Congresso aceitou imediatamente sua renúncia, as manifestações populares
exigindo sua permanência na presidência não aconteceram e ao invés de retornar
ao poder nos braços do povo, foi pra casa dirigindo seu DKW.
Em seu
meteórico governo, podemos citar em seus feitos a condecoração da Ordem do
Cruzeiro do Sul dada ao revolucionário Che Guevara (fato que desagradou
muitíssimo seus próprios aliados), as
proibições de rinhas de galo e do uso de biquini na transmissão dos concursos
de miss.
A
vassoura, que Jânio usava como símbolo em suas campanhas, acabou varrendo ele
próprio da cena política do Brasil.
Para
ler mais:
VILLA,
Marco Antonio. Ditadura à brasileira
– 1964-1985: A democracia golpeada à esquerda e à direita/Marco Antonio Villa.
– São Paulo: LeYa, 2014.
GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002.